terça-feira, 26 de outubro de 2010

Divagações confusas sobre querer

“É isso mesmo que eu quero?”. Creio que todos os dias isso passa pela minha cabeça. E a resposta só pode ser “Não!”. Então o que farei? Penso em mil possibilidades, e todas parecem pior. Afinal, não há nada que se encaixe com o que eu quero. O que eu quero é amplo demais, envolve diversos campos que aparentemente estão muito distantes. Na verdade, quero muita coisa, muita mesmo. O que soa estranho, se acabei de dizer que nada se encaixa. E nada se encaixa mesmo, é confuso, mas dentro dessas opções que nos oferecem simplesmente nada é o que eu quero seguir para sempre. Talvez o motivo seja simples: não quero seguir nada para sempre, não quero Ser Isso ou Ser Aquilo. Quero ser muita coisa, separada e misturada. Tento organizar uma idéia na minha cabeça, e é difícil, pois tudo tenta me empurrar pra um único caminho, como só fosse possível viver de um único jeito. E até eu, que discordo muito disso, tenho imensa dificuldade de me convencer que não preciso seguir essa vida “normal”. Então, repito pra mim mesma “não tem que ser assim, as possibilidades são infinitas”. Enfim, sei que agora não estou fazendo exatamente o que eu quero pra vida, mas faz parte de um processo, e estou fazendo um curso na faculdade que concluí ser o mais flexível, e que eu gosto bastante, apesar de me sufocar justamente por me empurrar pra esse caminho limitado de "é isso que você fará da sua vida e ponto". Mas não posso esquecer, de forma alguma, que isso é só uma base, é só algo que me dará conhecimentos e técnicas em algo. E não é o que definirá os rumos da minha vida. Não tenho que me prender a isso, vou poder fazer as coisas que eu quero mesmo que não tenham nada a ver com meu curso. Que mania de pensarem que depois que escolhe um curso na faculdade tudo na sua vida tem que ser feito em torno disso. Independentemente do que pensam, viverei de outra forma e me permitirei ir muito além desse diploma e desse estilo de vida que em nada me agrada. Amo Arte, mas amo muitas outras coisas que não posso de forma alguma excluir da minha vida e dos meus projetos. Sei que a dúvida não cessará, mas sei também que qualquer outra coisa que eu fizesse me daria o mesmo incomodo. Pois não há curso na faculdade que dá conta dos meus objetivos. Tentarei me manter firme, mesmo que às vezes dê vontade de jogar tudo pro alto e ir pra bem longe. Sei que preciso passar por essa etapa, que seja com Arte então.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ilusão

era uma vez
uma cidade cinzenta
só de cimento e concreto
e de pessoas duras como pedras
um dia uma rosa ali brotou
e seu perfume se espalhou
incondicionalmente bela
um grande incomodo
uma verdadeira agonia
fazia as pessoas pensarem
em suas vidas tão vazias
quase foi uma flor revolucionária
mas, resolveram arrancar a rosa
com o pretexto de voltar
à uma suposta ordem
e nunca mais tocaram no assunto

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dos tempos onde o mundo era mágico.

Equilibrava-me cuidadosamente nas pedras em volta da árvore, pois, o chão era um grande rio e se eu caísse os jacarés podiam me pegar. As bolhas de sabão eram feitas com um sabão mágico por seres que queriam deixar a vida mais bela. As fadinhas, eram os pontos luminosos no jardim sempre dispostas a nos escutar. As nuvens eram feitas de algodão doce, e não compreendia porque os adultos quando estavam nas montanhas não pegavam um pouquinho. A rede era um barco e o chão era o mar revolto, muito cuidado para não cair, balança balança. O jambo que roubávamos da casa do vizinho era delicioso, nunca esquecerei esse sabor. O bambuzal era um labirinto criado por mim mesma. Passava horas andando em volta de casa, viajando para outros mundos e imaginando mil histórias (parecia que andando a imaginação funcionava bem melhor). Na piscina eu era uma sereia que podia viver na água pra sempre. The Beatles era aquele grupo que minha mãe escutava em dias ensolarados. A chácara da vovó era uma selva a ser explorada (por mim). Não podia pisar na linha da calçada senão algo muito ruim iria acontecer. As caixinhas de música eram pequenos tesouros. As estrelas iriam realizar meus sonhos. Meu mundo era imaginação infinita e puro sonho. Havia magia no ar, com certeza era uma sensação de vida diferente da de hoje. Ah, como eu tento manter tudo isso, mas é difícil, pois a sociedade tenta sempre afastar a criança e a boa imaginação de nós. O que pra mim é algo terrível, pois se todos guardassem um pouco dessa magia infantil, o mundo seria um lugar muito melhor. As crianças às vezes são muito mais sãs e sabem viver muito melhor do que os adultos, que já cristalizaram com suas visões quadradas e creem que o mundo é nada mais, nada menos essa coisa minúscula e limitada que eles cismam ser, não se permitem voar e ir um pouco além dessa realidade fechada. Mal sabem eles que seriam muito mais felizes aprendendo com as crianças a apreciar a vida com suas pequenas e belas coisas, e também, a voar um pouquinho dentro de seu próprio interior.